Um invasor, um ladrão de atenções, um ser insignificante que
ameaçava o proeminente e firmado egocentrismo. Esse era eu, quando nasci,
segundo os olhos de minha irmã – Aline – concebida cinco anos antes.
Aline possuía um sentimento de ciúme gigantesco de meus pais (e todas outras pessoas) em função de minha existência. Sentimento que acabava levando-a em tentativas de roubar atenções dirigidas a mim, para ela. Esses empreendimentos geralmente tinham sucesso, mas não da forma que minha irmã esperava, pois as ações utilizadas por ela geravam olhares e palavras de repreensão, juntamente com maneios de cabeça.
Aline possuía um sentimento de ciúme gigantesco de meus pais (e todas outras pessoas) em função de minha existência. Sentimento que acabava levando-a em tentativas de roubar atenções dirigidas a mim, para ela. Esses empreendimentos geralmente tinham sucesso, mas não da forma que minha irmã esperava, pois as ações utilizadas por ela geravam olhares e palavras de repreensão, juntamente com maneios de cabeça.
O prejudicado, apesar de tudo, era eu. Com o passar do tempo o sentimento de ciúme aumentou chegando a extremos, como em meu aniversário, no qual todas as bolas – mais precisamente, 3 – que recebi de presente, foram perfuradas, com o auxílio de uma agulha para tricotar – que também servia como instrumento para ameaças.
Algum tempo depois obtive o que até hoje costumo lembrar, carinhosamente, como “a grande revanche”.
Era um fim de tarde,
acompanhado de um fim de chuva. Aline acabara de retornar do colégio e estávamos
entretidos, brincando no subsolo de nossa casa, enquanto esperávamos o lanche
que era de costume. Minha irmã apresentou a ideia para passatempo: - André, vamos
brincar de dentista? - Eu brinco – respondi, com uma ideia ingenuamente maldosa
surgindo em minha cabeça – mas se eu fizer o dentista. Ela, sem pestanejar,
aquiesceu. Assumi o controle e dei minhas ordens: - Deite na poltrona e feche
os olhos!
E então, sem nada de caracterização, representei com perfeição aplausível o papel: meu braço, com o punho cerrado, desceu rápido e forte, criando um espaço entre os dentes da arcada superior, uma perfeita janelinha”.
Em um período de tempo inferior a 1 mês, minha irmã perdeu o dente, outrora cuspido, recolhido e guardado.
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